terça-feira, 4 de março de 2014

Berlim com crianças (parte 3): KaDeWe


Se você tiver apenas algumas horas em Berlim, pode investir em um passeio cabeça, como ficar frente a frente ao busto de Nefertiti, no Neues Museum, e admirar a escultura egípcia de calcário de mais de 3.400 anos e entender o porquê ela foi a esposa real do faraó egípcio Aquenáton e o porquê ela atrai para Berlim mais de um milhão de pessoas anualmente (ou se injuriar também com a constatação de mais um saque de obra do território egípcio que, infelizmente, não consegue ter de volta seu patrimônio apesar dos inúmeros pedidos feitos pelo Conselho Supremo de Antiguidades do Egito).

Porém, se não quiser se desgastar estética e politicamente no seu momento de férias e estiver a fim de algo mais mundano, não titubeie: vá direto ao sexto andar do KaDeWe. É lá que está o andar gourmet da Kaufhaus des Westens (ou KaDeWe), a segunda maior loja de departamentos da Europa. Esse lugar é o paraíso na Terra: uma mistura de empório e supermercado, onde é possível encontrar qualquer coisa que você imaginar a respeito de qualquer produto alimentício. Cada seção é um absurdo, com produtos de todas as partes do mundo. Fora isso, há vários quiosques temáticos com bancos ao redor, como uma espécie de bar especializado em determinado alimento. Por exemplo, há um que só trabalha com frango (assado, com batatas, com temperos diversos, etc.), outro específico de lagostas (feitas na sua frente de todas as maneiras possíveis), outro só de batatas, outro só de salsichas (alemãs, claro), mais à esquerda um de sushis, há um bar de ostras perto do quiosque especializado em bouillabaisse (sopa francesa de peixe), há ainda a de acepipes italianos e a de queijos. Existem também a padaria, a confeitaria, a cafeteria...ui!


 Nem tudo o que reluz é ouro: peixes defumados

 
Dúvida atroz: acabei ficando com um pedaço da melhor torta de maracujá que já provei

Lembro-me bem dessa bouillabaisse preparada na hora (acompanhada por uma taça de Sancerre branco, claro)




O lugar é grande, possui banheiros, cadeirão para crianças e há também uma parte onde estão todos os jornais do dia de todos os países da Europa (como eles conseguem?). A estação de U-Bahn mais próxima é a Wittenbergplatz. Não fica distante (de U-Bahn ou ônibus) do parque Tiergarten e do aquário de Berlim, de modo que dá para fazer um passeio combinado. Entretanto, não me hospedaria perto da loja, pois é um lugar movimentado demais, com muita gente na rua e muito carro na avenida.
O KaDeWe fica na Tauentzienstraße 21-24. Funciona de segunda a quinta das 10 h às 20h, às sextas das 10h às 21 h e aos sábados das 9h30 às 20 h. Guten appetit!
 
domingo, 23 de fevereiro de 2014

Berlim com crianças (parte 2): Prenzlauer Berg


Claro que vão dizer que há certo subjetivismo quando digo que Prenzlauer Berg pode ser colocado como o melhor bairro de Berlim para ficar. Inúmeras mãos vão se levantar e contra argumentar tal posição no podium. Entretanto, aqui comigo, ouço respeitosamente essas vozes, mas bato o pé.
 
Prenzlauer Berg era um bairro operário da Alemanha Oriental antes da queda do muro. Muitos galpões de fábricas se tornaram galerias e vários prédios de operários viraram residência de artistas. Estes mesmos tiveram filhos, o que se traduz nessa ambivalência de ser um lugar para adultos e para crianças ao mesmo tempo.
 
Prenzlauer Berg é um bairro boêmio, mas que tem mais parquinhos por metro quadrado que nenhum outro. É cult e avant-garde, sem ser pretensioso. Você pode provar sorvetes à base de soja ou o legítimo currywurst (curry com salsicha). As ruas são ora floridas e arborizadas, ora totalmente grafitadas. Bares que só vendem álcool convivem lado a lado com supermercados 24 horas de produtos orgânicos. Tem movimento forte de restaurantes de todas as nacionalidades e galerias de arte que funcionam à noite, mas com uma atmosfera de tranquilidade e silêncio para quem só está interessado em dormir. Lá ninguém fica fazendo força para ser alternativo, mas o é. É a dialética alemã em essência.

Fonte: www.evgrieve.com
As partes térreas dos apartamentos são quase todas grafitadas.
 
Assim, como não vai agradar pais e filhos? Casais alemães vão para este bairro quando querem passear com as crianças (eles que me disseram isso). Além dos parquinhos, há desde lojinhas de roupas infantis onde você conversa com o próprio estilista até lugares incríveis onde são vendidas peças de segunda mão. Aliás, brechós estão espalhados por todo o lado.
Em algum momento, você pode se deparar com troncos de árvores com nichos cheios de livros. Se você se interessar por algum, é só pegá-lo. Pode também deixar lá para o próximo camarada um livro que já foi lido e que você não vai mais usar. É assim que funciona.


 Os turistas preferem ficar para as bandas do Mitte e da Alexander Platz, de modo que aqui você verá coisas mais autênticas e frequentará lugares aonde os locais costumam ir. Uma hospedagem barata é alugar um apartamento na região. Há também um Ibis, que é chamado de Ibis Mitte no site, mas que está mais para o lado de Prenzlauer Berg do que propriamente do Mitte. Ainda bem.
sábado, 15 de fevereiro de 2014

Berlim com crianças (parte 1): Prenzlauer Berg


Em menos de meia hora no bairro de Prenzlauer Berg, presenciei a seguinte cena: uma corrida de bicicleta às avessas. Demorou um pouco para eu entender o que estava acontecendo. Primeiro, por conta do meu parco conhecimento da língua alemã; depois, pelo fato de que tinha acabado de chegar em Berlim, jogado literalmente as malas no hotel e saído à procura de aventuras. 
 
Devidamente instalada na mesinha da calçada de um restaurante tailandês simples, observei todo o processo: um alemão veio com um balde de tinta branca em direção a outro alemão que, com um megafone na mão, determinava, na ruazinha sem saída, onde o chão deveria ser pintado. Quatro faixas brancas  no asfalto deram o ar de pista, que se consagrou como a de ciclismo depois que mais quatro alemães foram chegando com suas bicicletas.
 
 
Até aí, nada de mais. Só comecei a ficar intrigada quando foi dada a largada. O alemão do megafone parecia narrar a volta de definição do Tour de France, de tão entusiasmado que estava, e os competidores...nada de acelerarem. Pelo contrário, procuravam se deslocar o mínimo possível, sem pôr os pés no chão. Verdadeira prova de equilíbrio e de "dança ciclística" cujo ganhador seria aquele que atravessasse a linha de chegada... por último. Assisti a isso e pensei: "Estou em Prenzlauer Berg!"



segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O caso da papinha em Buenos Aires ou o porquê você deve se libertar do excesso de zelo


A primeira vez que viajei com meu filho, ele tinha 11 meses. Até então, ele só havia comido papinha feita com esmero, amor e aquele conhecimento nutricional que as mães de primeira viagem se gabam de possuir. Com legumes ultra orgânicos, folhas hidropônicas minuciosamente selecionadas, quinuas super sônicas e gotas do mais puro azeite extravirgem, as papinhas eram elaboradas seguindo rígidos critérios e controlados padrões de qualidade.
 
Temerosa com a iminência de uma ida a Buenos Aires, preparei vários potinhos com a papinha, congelei-os, coloquei-os em uma bolsa térmica, enfiei a bolsa dentro da mala e segui para o aeroporto, preparando-me para passar pela polícia federal sem demonstrar nenhuma alteração fisionômica. Afinal, não queria correr o risco de implicarem com o conteúdo da mala.
 
Quando cheguei ao hotel, que foi escolhido por ter micro-ondas e frigobar no quarto, abri a mala e vi aqueles lindos potinhos dourados, que eram as papinhas feitas com mandioquinha, e os potinhos acobreados, que eram as de feijão. Uma satisfação imensa tomou conta de mim ao perceber que uma viagem não seria impedimento para uma refeição balanceada e caseira para o meu menino. Mas isso durou pouco. A ideia de levar comida para os primeiros dias até que eu conseguisse descobrir em Buenos Aires o que fazer me fez engolir seco.
 
Depois da ajuda do Google, descobri no bairro de Palermo um restaurante descolado de comida orgânica. Assim, quando as papinhas acabaram, fui até lá munida dos potinhos vazios na esperança de encontrar algo que as substituísse à altura. O chef do restaurante mostrou-se muito compreensivo e, após algumas trocas de palavras, disse que enquanto eu almoçava, ele iria assumir o desafio de preparar as papinhas, utilizando não só todo o arsenal natureba, que era a proposta do restaurante, mas também os conhecimentos adquiridos na escola de culinária Le Cordon Bleu. Das mãos desse chef saíram papinhas gourmet: papinha de ratatouille com molho reduzido de aspargos, papinha de abóbora com tomate confit e uma outra que eu não sei como nomeá-la, só sei que tinha um quê de indiano, alguma coisa a ver com masala.
 
Empolgada, quis que meu filho experimentasse todas. A cada rejeição, via a minha felicidade rolar morro abaixo. Achei que talvez fosse o movimento do lugar, o cansaço, o sono, a hora. Voltei para o hotel e nada dele querer comê-las. Evidentemente eu havia experimentado cada uma e gostado muito do sabor delas, mas ele só fazia caretas e cuspia tudo, sem dó nem piedade.
 
Depois de inúmeras tentativas frustradas, preocupada com a saúde do garoto que não comia, apelei. Saí em busca de suco de laranja, empanadas e papinha pronta de farmácia. Ele comeu tudo e ficou satisfeitíssimo. Dormiu a noite inteira. Eu também fiquei assim depois de saborear as papinhas gourmet acompanhadas por um bom vinho argentino.
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Pulseira e aplicativo para a criança não se perder dos pais


Eu acho que a gente sempre deveria colocar nos filhos pequenos algum tipo de identificação quando resolvemos desbravar este nosso mundo populoso. Já faço um mea culpa aqui, pois não é sempre que dou a devida atenção a isso. Pois bem, outro dia vi uma pulseira da BeLuvv que monitora a criança por meio de um aplicativo. Assim, do smartphone ou do tablet dá para saber onde seu filho está caso vocês se percam.
No aplicativo, os pais podem determinar qual o perímetro máximo de segurança que a criança pode se afastar e, caso ela ultrapasse esse limite, um alerta sonoro e um indicador de localização o ajudam a encontrá-la.
 
Custa $29,95 e pode ser usado como pulseira, tornozeleira, colar ou até ser pendurado na mochila.
 
 
Os leitores queridos que tiverem viagem marcada para os States, façam o favor de me avisar porque eu quero duas!
O site deles é: www.beluvv.com
 
 
 
terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Casal, de bicicleta, dá a volta ao mundo com os seus quatro filhos


Na Alemanha, ponto de partida para a aventura
 
É realmente emocionante ver a ousadia e o desprendimento que alguns pais têm ao partirem em busca do que acreditam na relação e na vivência com os filhos. Viajar com os pequenos significa sair da zona de conforto (se é que há), abrindo espaço para experiências profundamente recompensadoras.

Martin, 30 anos, e Julie, 40 anos, resolveram realizar o sonho de dar a volta ao mundo com os seus quatros filhos. Na época, o mais velho tinha 5 anos e o mais novo, 9 meses. Segundo eles, a bicicleta foi o meio de transporte escolhido por  acreditarem que assim o contato com outras culturas e a interação com as pessoas seriam maiores. Além disso, como eles diziam, não tinham pressa. A família não ficou em hotéis, preferindo acampar e se hospedar em casas de família e albergues.
Hospedados na casa de uma família, na Mongólia

Dessa forma, depois de uma boa preparação física, eles acoplaram dois mini-trailers para carregar as crianças, juntaram somente o necessário para não ficarem com excesso de peso, fizeram um bom planejamento sobre o relevo e o clima dos países que seriam visitados e pegaram a estrada. Afinal, seriam mais de vinte países e 35 quilômetros de bike por dia.
 
Olha a família por aqui!

Para realizar esse sonho, Martin e Julie venderam a casa que tinham na Alemanha, vacinaram os filhos e contaram com a ajuda de uma médica que poderia auxiliá-los via Skype. Além disso, sempre carregavam frutas, pães integrais, biscoitos e complementos vitamínicos, usados quando a alimentação não tinha sido muito rica no dia. Segundo Julie, os filhos tinham uma rotina que, evidentemente, era quebrada de vez em quando. Mas no geral, a família acordava, tomava café, pedalava, parava para almoçar, descansava, conhecia lugares novos, jantava, tomava banho e dormia cedo.

 Emirados Árabes

Camboja
 
 
Em plena muralha da China
 
Assim, levaram aproximadamente um ano viajando e só voltaram para a Alemanha quando o filho mais velho já deveria iniciar os estudos.
Se quiser saber mais sobre essa história, eles têm um blog: www.globalmobilefamily.com. Dá uma olhada lá.
quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Cumuruxatiba com crianças (parte 2): Cinco coisas que você precisa fazer lá


1) Descansar: Descansar até você ficar cansado de ficar descansado. Tudo conspira a favor: as praias desertas, os coqueirais, a sombra das amendoeiras e o mar calmo. E os filhos? Ora, eles estarão dando duro, examinando pedaços de corais e conchas, fazendo pesquisas de campo e confabulando a respeito dos vestígios de algas que chegam à praia. Construirão engenhosidades arquitetônicas, vulgo "castelo de areia", bem à sua frente. Darão mortais e saltos ornamentais nas tranquilas águas do mar.
Como a praia sempre está vazia, não há a menor chance de você perdê-los de vista.
Praia do Rio do Peixe Pequeno, Cumuruxatiba, Bahia

2) Provar as cocadas da Neuza: Pode ser considerado um verdadeiro crime de lesa-pátria ir até Cumuruxatiba e não experimentar as cocadas feitas pela Neuza, moradora da vila. A minha preferida é a de coco queimado, mas há a branca tradicional, a de abacaxi, a com sementes de maracujá...ai, ai, ai. É só chegar na casa dela (todo mundo conhece, é só perguntar), tocar o sino que está pendurado na janela e aguardar ali, no parapeito, os maravilhosos quitutes.
 
3) Avistar as baleias jubarte: Ainda não fiz esse passeio, mas adianto que ninguém se arrepende de ir. Entre julho e outubro, as baleias jubarte procuram as águas quentes da Bahia para se acasalar e dar à luz seus filhotes. Há uma agência na vila que organiza as saídas. Os passeios acontecem no período da manhã e duram, em média, três horas. Por meio de um microfone especial (hidrofone), os turistas conseguem ouvir o canto das baleias. Como meus filhos são muito pequenos, ainda estou aguardando o momento em que, pelo menos, eles tenham noção do que é uma baleia.
 
4) Andar de bicicleta: O visual é de cinema. Ir de uma praia a outra de bicicleta é um passeio que vai te reservar paisagens incríveis. É possível ir pela estrada de terra, observando toda a vegetação em volta, ou pela areia da praia. Há várias pousadas que fornecem bicicletas ao hóspedes, inclusive com a cadeirinha para levar a criança.
 
5) Assistir ao pôr do sol: O  melhor lugar para fazer isso é no restaurante Catamarã, bem em frente ao mar, no alto de uma grande falésia, na Praia da Areia Preta, que fica bem próxima à praia da vila (de novo, todo mundo conhece o lugar e pode te auxiliar). Se você estiver na vila, vá de carro e procure pelo bairro da Areia Preta. Há placas indicando o restaurante. Ali é possível conferir um pôr do sol que você nunca viu. Em noites claras e de lua cheia, é emocionante ver o sol descendo, "entrando no mar" e a lua saindo dele. É um lugar rústico, com uma comida honesta. Se for em julho, leve um abrigo para o seu filho pois à noite pode fazer um ventinho frio. Carrregar um repelente também nunca é demais.

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